Testes genéticos: como eles podem contribuir no tratamento do câncer

O aumento de casos de câncer em pessoas jovens vem sendo considerado uma verdadeira epidemia global. De acordo com um estudo recente, publicado na revista científica BMJ Oncology, o índice de pessoas com menos de 50 anos, afetadas pela doença, aumentou quase 80% nas últimas três décadas. Entre os fatores que contribuem para este cenário, além do crescimento de causas relacionadas diretamente ao estilo de vida contemporâneo, a predisposição hereditária para o desenvolvimento da doença, deve igualmente ser considerada. É o que explica Allan Munford, gerente regional LATAM de Marketing para Diagnósticos de Oncologia e Precisão da QIAGEN, empresa associada à CBDL.

“Pessoas que tiveram casos de câncer na família, podem e devem fazer esse rastreamento genético por meio de testes que cumprem com este objetivo. Essa medida permite identificar a predisposição ao câncer, ao avaliar se existe alguma mutação em seus genes e, com isso, adotar medidas precoces de controle, prevenção e tratamento”, destaca o executivo. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), cerca de 30% a 50% dos casos de câncer poderiam ser evitados se as pessoas tivessem esse tipo de diagnóstico antecipado.

Segundo Munford, atualmente existem diferentes tecnologias aplicadas aos testes genéticos, que podem ser utilizadas de acordo com a conduta médica estabelecida. Segundo ele, o sequenciamento de nova geração, ou NGS, é o mais indicado quando o objetivo é fazer, de fato, esse estudo genético para descobrir a propensão ao câncer, já enfrentado por outros familiares próximos.

“Esses testes genéticos já estão no rol de procedimentos com cobertura obrigatória pelos planos de saúde, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), para pacientes com histórico familiar de câncer de mama. Por meio deles é possível identificar mutações nos principais genes (BRCA1 e BRCA2), atrelados ao surgimento de tumores como os de mama, ovário e próstata. Com uma simples amostra de sangue ou saliva, é possível realizá-lo e, sob orientação médica, direcionar as medidas que mais se aplicam para contornar ou combater a presença dos tumores”, explica o executivo.

Testes genéticos para tratamentos personalizados

Ainda sobre as contribuições dos testes genéticos nessa jornada de combate ao câncer, o executivo da QIAGEN destaca a efetividade desses exames quando o paciente já desenvolveu a doença e precisa iniciar seu tratamento. Segundo ele, diagnósticos que utilizam o método de PCR Digital, também avaliam as informações genéticas dessas pessoas, no entanto, com maior sensibilidade, o que ajuda a identificar tratamentos mais específicos e eficazes.

Tais exames podem também ser realizados por meio da coleta de sangue, tecidos ou demais fontes de material biológico. Munford ainda considera que a realização da biópsia líquida é uma grande promessa para que os diagnósticos sejam menos invasivos, quando existe a possibilidade de se fazer a coleta a partir de amostras de sangue e não de tecidos.

“Cada câncer tem suas características e particularidades. Um câncer de pulmão de um paciente não será exatamente igual a outro tumor, no mesmo órgão, identificado em outra pessoa. Esse tipo de teste permite diagnosticar as mutações existentes dessas neoplasias e estabelecer um tratamento personalizado. Hoje, existem medicamentos voltados para pacientes com diferentes perfis genéticos, por exemplo. E esses pacientes precisam do teste genético para receber o direcionamento mais adequado. Com esse tipo de exame, também é possível saber se determinado medicamento está fazendo o efeito esperado ou se outras ações serão necessárias”, pontua.

Testes genéticos para o combate ao câncer de pulmão

O acompanhamento e detecção de neoplasias, ou surgimento de novos tumores, pode também ser realizado por meio dos testes genéticos. Nesse sentido, a tecnologia aplicada a diagnósticos moleculares tem permitido identificar mutações como as do gene EGFR, associado aos casos de câncer de pulmão. Uma vez detectada a alteração genética, é possível iniciar um tratamento com medicamentos combinados, sob os princípios ativos capazes de inibir as proteínas relacionadas à rápida progressão da doença.

“A disponibilidade dos testes genéticos para o controle desses casos de câncer foi discutida recentemente pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS e tem grande chance de estar acessível a toda a população, em breve. O Sistema Único de Saúde oferece os medicamentos para esse tipo de tratamento desde 2015, no entanto, somente com a realização do exame esses pacientes podem ser direcionados. Cabe destacar que quanto aos pacientes cobertos pelos planos de saúde, a realização do teste está entre os procedimentos obrigatórios determinados pela ANS”, complementa Munford. (Com informações do ATDC Group – 08.04.2024)

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