Testes sindrômicos aceleram diagnóstico e geram economia, mas são pouco usados por planos de saúde

A dificuldade em fechar um diagnóstico de doenças infecciosas diante de sintomas como febre, diarreia, tosse e dor de cabeça pode colocar vidas em risco ou levar a hospitalizações e ao uso de antimicrobianos sem necessidade. Em um cenário de emergência médica, ganha ainda mais relevância identificar rapidamente os vírus, bactérias e fungos específicos para auxiliar no monitoramento do paciente e apoiar a tomada de decisão sobre o tratamento.

Nesse contexto, ganha destaque a tecnologia de testes sindrômicos, que, por meio de biologia molecular, detectam simultaneamente, em menos de uma hora, vários microrganismos. Apesar dessas tecnologias não exigirem estruturas complexas nem terem custos proibitivos, o entrave continua sendo o acesso, pois nem sempre os planos de saúde viabilizam a cobertura dessa tecnologia a seus segurados.

Essas foram algumas das constatações do II Forum de Acesso bioMérieux, empresa associada à CBDL, que reuniu profissionais de empresas de saúde suplementar no Rio de Janeiro, de hospitais, laboratórios e operadoras de saúde, no último dia 15 de dezembro. O encontro foi dividido em cinco painéis, que abordaram temas como cenário da saúde suplementar em 2024; diagnóstico sindrômico e importância para o paciente imunossuprimido; diagnóstico sindrômico e o uso racional de antibióticos; gestão do uso racional de antibióticos; impacto das doenças infecciosas e o papel do diagnóstico.

A demora ou a imprecisão no diagnóstico levam ao uso desnecessário de antibióticos. A resistência antimicrobiana está na lista da OMS como uma das dez principais ameaças globais à saúde. A estimativa é que, em 2019, mais de 1,27 milhões de pessoas morreram de infecções resistentes a medicamentos no mundo, enquanto que bactérias multirresistentes poderão ceifar a vida de mais de 10 milhões de pessoas ao ano em 2050, o que corresponde a uma morte a cada três segundos. Esses dados estão disponíveis no Relatório Preparando-se para os supermicróbios: fortalecendo a ação ambiental na resposta à resistência antimicrobiana pela abordagem de Saúde Única, divulgado recentemente pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Para Guilherme Leoneli, gerente nacional de alianças estratégicas da área de Pesquisa & Desenvolvimento e Educação da Hapvida NotreDame Intermédica, o encontro foi útil para entender como a utilização dos painéis sindrômicos auxilia na realidade e no cotidiano da assistência, assim como as tratativas de registro.

“Um ponto relevante é a racionalização do uso dos painéis sindrômicos, pois eles devem ser aplicados em casos específicos, não para qualquer paciente. Trata-se de uma solução que já faz parte da realidade, mas é uma tecnologia que demanda parcimônia. Entretanto, com o uso assertivo e direcionado, tem um potencial de retorno gigantesco para as operadoras de saúde”, afirmou o executivo.

Claudio Tafla, superintendente médico da Atrys Brasil, compartilha da mesma opinião sobre o uso racional dos painéis. “O ideal é que tivéssemos um protocolo, um guide line estreito, que fosse do conhecimento de todos, além de clareza sobre o que deve ser feito e o que deve ser evitado. Dessa forma, será possível aumentar a eficiência e diminuir o impacto financeiro no sistema de saúde, garantindo melhores resultados nos desfechos dos atendimentos”, destaca.

‟Na nossa visão, além dos ganhos para o paciente e a melhora na prática clínica para os médicos, a disseminação dos testes sindrômicos tem potencial para colaborar com a sustentabilidade do sistema de saúde como um todo. Na ponta do lápis, os valores de um dia de uso desnecessário de antibióticos ou mesmo de UTI cobrem muitas vezes o custo desses testes”, concluiu Fernando Oliveira, diretor-geral da bioMérieux Brasil. (Com informações da Press Talk – 27.12.23)

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