A médica microbiologista Rosanna Peeling, professora da London School of Hygiene & Tropical Medicine e diretora do The International Diagnostics Centre, participou do Seminário Fleury/SindHosp, no último dia 12 de abril, no auditório do Grupo Fleury, em São Paulo.
Convidada pela Câmara Brasileira do Diagnóstico Laboratorial (CBDL), Rosanna é uma das maiores autoridades mundiais em epidemias e doenças tropicais.
Em sua apresentação, a especialista discorreu sobre o aumento da demanda mundial na área de diagnósticos para o controle de surtos e epidemias. “É preciso criar soluções políticas para convencer as autoridades que o diagnóstico é a base mais importante do sistema”, comentou.
A médica ressaltou a importância do diagnóstico para a detecção de enfermidades como HPV, doenças de colo, além das epidemias globais como SARS, MERC CoV, Ebola e Zika; para monitorar o vírus do HIV e a transmissão viral do HIV/Sífilis de mãe para filho; e ainda, males como tuberculose, DSTs e doenças negligenciadas. Isso sem contar com a resistência antimicrobiana que, em 2050, de acordo com as previsões, vai matar 10 milhões de pessoas no mundo.
POC
No tocante aos testes rápidos Point of Care (POC), a microbiologista comentou que, em muitos países, o diagnóstico está baseado em laboratórios que atingem apenas 30% da população. Os testes rápidos, segundo a especialista, podem atender um grande número de pacientes com resultados céleres. “No entanto, o mundo precisa de testes rápidos cada vez mais baratos, acessíveis e rápidos”, defendeu ela.
Rosanna exemplificou o caso do diagnóstico de sífilis no Peru, onde a população menos favorecida, muitas vezes, precisa de seis consultas, além de andar quilômetros para realizar um teste, o que demanda muito tempo.
Segundo a professora, mesmo com a adesão dos testes rápidos, as autoridades precisam se atentar para outros entraves que, por desventura, poderão surgir. Entre eles, está a falta de conexão e sinal de internet como, por exemplo, no Zimbábue (o governo teve que investir no aumento de sinal para poder atender às populações mais remotas).
“Os poderes públicos devem se conscientizar sobre a necessidade de fomentar financiamentos para que sejam voltados aos diagnósticos com o objetivo de subsidiar à população e criar novas ferramentas para assegurar a qualidade e otimizar os sistemas de saúde públicos”, concluiu. (Com informações da Oficina de Mídia – 16.04.2018)