A presidente da Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal e Erros Inatos do Metabolismo (SBTEIM), Tânia Bachega, abriu o Fórum Estúdio Folha sobre Triagem Neonatal, que foi realizado nesta quinta-feira (15/12), no Hotel Renaissance, em São Paulo.
O evento, que contou com as participações de diversas entidades e profissionais da saúde com foco no teste do pezinho, foi uma excelente oportunidade para que os principais atores científicos da área discutissem os avanços e desafios da triagem neonatal.
A líder da SBTEIM iniciou a abertura do encontro com um histórico da triagem como ação de saúde pública, que se deu em 1976 com o diagnóstico de fenilcetonúria na antiga APAE de São Paulo, hoje denominada Instituto Jô Clemente. Já em 1980, deu-se a primeira detecção do hipotireodismo congênito. Na época, apenas 17 dos 27 estados da federação possuíam cobertura acima de 30% dos recém-nascidos.
A médica também mencionou o grande avanço com a criação do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), em 2001, com a abertura de unidades em todos os Estados, com a triagem dividida em três etapas: Fase 1 – Fenilcetonúria e hipotireodismo congênito; Fase 2 – Anemia Falciforme e hemoglobinopatias; Fase 3 – Fibrose Cística.
Com didática, Tânia detalhou que todos os recém nascidos devem se submeter ao teste do pezinho entre o terceiro e quinto dia de vida. “Muitas mães que procuram as UBS desconhecem o que é a triagem neonatal. É preciso um trabalho de conscientização. Em 2016, houve apenas uma média de 55,03% de testes do pezinho coletados na primeira semana de vida nas unidades da UBS. Já em 2020, a realidade não mudou muito, uma vez que somente 58,08% de amostras foram coletadas até o quinto dia de vida”, alertou ela.
Outra problemática aprontada pela especialista foi a data da primeira consulta aos bebês. Em São Paulo, a média fica em torno dos 20 dias, já no Estado do Amazonas, 60 dias e em Pernambuco, 69 dias.
Para o ano que vem, a endocrinologista prevê que a SBTEIM dê início a um projeto de levantamento dos indicadores da triagem neonatal por estados para uma avaliação detalhada do cenário. “O custo para se incluir o diagnóstico de triagem neonatal de doenças em programas públicos é, geralmente, menor do que o custo por morte precoce e/ou tratamento de complicações graves que poderiam ser evitáveis. A presidente também destacou o papel dos movimentos sociais para a expansão da pesquisa de mais de 50 doenças no PNTN.
A inclusão de aulas gratuitas para os profissionais de saúde, além de campanhas e projetos pilotos de educação pré-natal também estão no escopo da entidade.
Por fim, a médica citou a necessidade do Ministério da Educação e Cultura (MEC) em incluir uma grade mínima de doenças raras e triagem neonatal, uma vez que o Brasil conta com 13 milhões de portadores de doenças raras. “Um exemplo disso é que, cerca de 40% de pacientes com Hiperplasia Adrenal Congênita (HAC) não são diagnosticados e têm registros errôneos de gênero”, disse ela que complementa, “falta apoio às verbas de pesquisa, uma vez que, sem a pesquisa a medicina não avança”. (Com informações da Oficina de Mídia – 19.12.22)