Estima-se que surgirão mais de 7 mil novos casos de câncer de ovário por ano no Brasil, de acordo com o INCA[1]. Apesar de esse não ser o tumor ginecológico mais comum, ele é o mais letal: anualmente, o número total de óbitos (3.921) chega a ser maior do que a metade do número de casos[2]. A descoberta tardia contribui para essa realidade, já que 75% das mulheres são diagnosticadas em estágio avançado[3], o que diminui significativamente as chances de cura. Embora não exista uma causa evidente para o surgimento do câncer de ovário, existem alguns fatores de risco identificáveis, entre eles, o fator genético, responsável por 5% a 10% dos casos[4]. O Mês de Combate ao Câncer de Ovário, visa promover conscientização sobre a doença e alertar mulheres a cuidarem da sua saúde.
Silencioso e de diagnóstico precocemente desafiador, o câncer de ovário não apresenta sintomas em fases iniciais². “Inchaço e dor abdominal, perda de apetite e de peso, fadiga e mudanças no hábito intestinal e urinário são alguns dos sintomas do câncer de ovário, mas que, geralmente, aparecem quando a doença já está em estágios mais avançados. Por isso, identificar fatores de risco é uma alternativa que pode contribuir para o diagnóstico precoce da doença”, explica Dra. Mariana Scaranti, oncologista clínica da Dasa.
O surgimento dessa doença está relacionado, em alguns casos, a alterações nos genes herdados dos pais, o que é conhecido como mutação genética. Mulheres com mutação no gene BRCA1 apresentam entre 20% e 60% de chance de desenvolver câncer de ovário até os 70 anos de idade4. Já as que têm mutação no gene BRCA2, o risco é menor, de 10% a 35%4. Esses genes quando alterados também estão relacionados a um risco maior de desenvolver câncer de mama, próstata e pâncreas.
Conhecer o histórico familiar e o subtipo molecular da doença é fundamental para um tratamento personalizado, que visa reduzir os riscos de progressão da doença e de morte e aumentar a sobrevida das pacientes. “Hoje toda mulher com câncer epitelial de alto grau de ovário tem indicação de avaliação genética. O tratamento dependerá do estágio em que a doença foi descoberta. Cirurgia, quimioterapia, e terapia-alvo são algumas das opções disponíveis. Para um tratamento mais assertivo, a realização de teste genético é fundamental e ao encontrar alguma mutação em BRCA1 ou 2 podemos estabelecer medidas redutoras de risco e seguimento individualizado para proteger as gerações futuras”, esclarece oncologista.
O risco de desenvolver câncer de ovário, no entanto, não está somente relacionado ao histórico familiar entre mulheres que têm parentes de primeiro grau, como mãe, irmã ou filha com câncer de ovário ou de mama. “A obesidade e o próprio envelhecimento da população são fatores de risco. É importante manter atenção ao peso e praticar atividade física. Pílulas anticoncepcionais e gestações são fatores que parecem reduzir o risco de desenvolver câncer de ovário”, complementa Scaranti.
Estar atenta aos fatores de risco, cuidar da saúde e buscar ajuda médica em caso de sintomas para realizar exames como ultrassom transvaginal e exame de sangue do marcador CA-125, em caso de suspeita de câncer de ovário, pode contribuir para o diagnóstico precoce do câncer e mudar o cenário da doença, já que 94% das pacientes vivem mais de cinco anos após o diagnóstico[5].
[1] INCA. Brasil – estimativa dos casos novos. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/numeros/estimativa/estado-capital/brasil. Acesso em: 18 de abril de 2023.
[2] INCA. Câncer de Ovário. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/ovario. Acesso em: 18 de abril de 2023.
[3] Oncoguia. 75% dos diagnósticos de câncer de ovário chegam tardiamente. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/75-dos-diagnosticos-de-cancer-de-ovario-chegam-tardiamente/15603/7/. Acesso em: 18 de abril de 2023.
[4] Vencer o Câncer. Câncer de ovário | Fatores de risco. Disponível em: https://vencerocancer.org.br/tipos-de-cancer/cancer-de-ovario-o-que-e/cancer-de-ovario-fatores-de-risco/. Acesso em 18 de abril de 2023.
[5] Oncoguia. Detecção precoce do câncer de ovário. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/deteccao-precoce-do-cancer-de-ovario/1783/229/#:~:text=Os%20dois%20exames%20mais%20utilizados,se%20%C3%A9%20maligna%20ou%20benigna. Acesso em: 18 de abril de 2023. (Com informações da Edelman – 18.05.23)