Os autotestes ganharam muita popularidade com a pandemia do COVID-19, uma vez que trouxeram a possibilidade de realizar o teste em casa, sem a necessidade de deslocamento, o que facilita a identificação do indivíduo infectado e promoção da triagem de familiares e de outros indivíduos expostos.
De fácil realização, qualquer pessoa consegue fazer a coleta da sua própria amostra, realizar o teste e interpretar o resultado seguindo as instruções de uso fornecidas pelo fabricante.
No entanto, o que muita gente esquece, é que essa ferramenta já é uma velha conhecida de todos. Vale lembrar os testes de gravidez, realizados com uma amostra de urina e que detecta o hormônio gonadotrofina coriônico (hGC), produzido na gravidez.
Outro autoteste bastante difundido é a determinação de glicose no sangue. Muito utilizada pelos pacientes para acompanhamento de diabetes. Uma simples picadinha no dedo e o uso de fitas e um aparelho portátil fornece em segundos a concentração de glicose no sangue. Como uma tecnologia equivalente, temos também sistemas para determinação do colesterol e triglicerídeos.
Aprovado pela ANVISA desde 2015, o autoteste para HIV é mais uma ferramenta importante para o cumprimento da meta 90-90-90, isto é, que 90% das pessoas vivendo com HIV estejam diagnosticadas; que destas, 90% estejam em tratamento; e que 90% das pessoas neste grupo tenham carga viral indetectável. Atualmente, o teste é distribuído gratuitamente pelo SUS e também comercializado nas farmácias. O autoteste HIV não é conclusivo para o diagnóstico, mas indivíduos com resultado reagente devem procurar o serviço médico e realizar o fluxograma completo do diagnóstico.
“Os autotestes são muito úteis para pessoas que não querem fazer o exame na presença de outras pessoas, para quem não pode ou não quer ser testado nos serviços de saúde, e também oferece a possibilidade de aumentar a capilaridade para atingir uma parcela importante da população vulnerável e com pouco acesso a serviços de saúde”, comentou a farmacêutica Josely Chiarella, consultora da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL).
Em desenvolvimento
Estudos estão sendo finalizados internacionalmente para conclusão do desenvolvimento de mais dois autotestes de grande importância: hepatite C e dengue.
A hepatite C é considerada uma epidemia mundial. Ainda não existe vacina para a hepatite C mas, se detectada, é curável em 95% dos casos com tratamento de 8-12 semanas. Poderá ser disponibilizada no SUS.
“A OMS definiu como um desafio para 2030 a eliminação da hepatite viral como ameaça pública propondo redução de 90% de novas infecções crônicas. Desta forma a ampliação do diagnóstico é uma ferramenta poderosa como os autotestes é de grande valia”, completou Josely. (Com informações da Oficina de Mídia – assessoria de imprensa da CBDL – 22.09.22)