CBDL e entidades internacionais do segmento saúde lançam o Livro Branco do Diagnóstico Laboratorial 2021/2022

A Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), em parceria com a Aliança Latino-americana para o Desenvolvimento do Diagnóstico In Vitro (Aladdiv), a Coalizão Interamericana de Convergência Regulatória, a London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM) e o The International Diagnostics Centre (IDC), apresentou, na última quarta-feira (16/6), o Livro Branco do Diagnóstico Laboratorial 2021- 2022.

O Livro Branco do Diagnóstico Laboratorial mostra uma linha do tempo percorrida pela CBDL, com ações conjuntas entre entidades privadas e agente públicos como o Ministério da Saúde, Anvisa e OMS no contexto da pandemia de Covid-19. Em outros capítulos, o livro detalha o papel da CBDL na cadeia produtiva de saúde, além da inquietação das indústrias do setor laboratorial no tocante à sustentabilidade do segmento. A última parte do livro traz 21 propostas distribuídas em quatro fases do ciclo de vida do diagnóstico in vitro.

Para lançar o Livro Branco do Diagnóstico Laboratorial 2021-2022, as entidades que fizeram parte da organização da obra promoveram um evento online, pela plataforma ZOOM.

A abertura do encontro ficou por conta do presidente executivo da CBDL, Carlos Eduardo Gouvêa, e do presidente do Conselho Administrativo da entidade, Fábio Arcuri. Os dirigentes falaram sobre os 30 anos da entidade e a distribuição do mercado brasileiro de diagnóstico, entre as linhas de produtos, além de indicativos do setor e o aprendizado com a crise da Covid-19.  E ainda, das relações construídas pela CBDL ao longo dos anos para o fortalecimento da cadeia e na otimização dos resultados aos pacientes.

A seguir, foi transmitido um vídeo da sócia-proprietária da WebSetorial e consultora da CBDL, Patrícia Marrone, detalhando o documento. A ex-presidente da entidade, Liliana Perez, falou sobre as propostas para o fortalecimento dos ciclos de vida da área do diagnóstico in vitro. 

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Webinar Debate

Logo em seguida, houve uma mesa redonda com o tema: “Futuro do Diagnóstico em um Mundo pós Pandemia – o que ainda precisa ser feito?”. O debate teve as participações de Hanan Balkhy, pediatra, infectologista e diretora geral adjunta da Organização Mundial da Saúde (OMS); da microbiologista e professora Rosanna Peeling, chair de Pesquisa e Diagnóstico da London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM); Alex Costa, especialista de Programas Globais da UNICEF; Edson Araújo, economista sênior do Banco Mundial e Carlos Eduardo Gouvêa, presidente executivo da CBDL/Aladdiv. Renuka Gadde, conselheira sênior da Clinton Health Access Initiative (CHAI) fez a moderação do debate.

A dirigente da OMS falou sobre o papel essencial do diagnóstico nas epidemias, “quando uma epidemia estoura, aparece nas manchetes e chama toda a atenção, mas a prevenção não é tão atrativa. Com relação a esta pandemia, eu temo uma amnésia coletiva, porque as pessoas tendem a esquecer rapidamente os problemas”, disse a infectologista que apregoa que, para resolver uma questão, é preciso saber com o que estamos lidando, e a ferramenta do diagnóstico é essencial para isso. “O que frusta um pouco é que, na maioria das vezes, o diagnóstico é visto apenas como um apoio. A medicina não funciona assim. Ferramentas como o diagnóstico devem ser utilizadas de forma mais adequada”, comentou Hanan Balkhy.

Para Rosanna Peeling, da London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM), a principal função da regulamentação é garantir o acesso e a qualidade do diagnóstico. “No caso desta pandemia, aceleramos o processo de aprovação. A confiabilidade e a informação clara precisam acontecer. Quanto mais diretrizes convergentes entre si os países tiverem, melhor. E depois que os testes forem aprovados é preciso ter uma política pública a ser desenvolvida”, destacou Rosanna. A microbiologista defendeu que este processo teve que ser rápido, mas é preciso observar que, durante uma pandemia, não se teve muito tempo para avaliar melhor as evidências científicas, diretrizes, revisões, dados de outros países para aprovação, estudos, entre outros. “Este é um processo muito longo. Há um desalinhamento entre os países. Numa emergência, o que podemos fazer? Mudar o regulamento? Esta revisão deve ser feita pelos países e alinhada com a OMS, até para estarmos preparados para a próxima pandemia”, observou ela.

Já Edson Araújo, do Banco Mundial, enfatizou a necessidade de investimentos na área de pesquisa e novas tecnologias para a produção de novos testes e vacinas, a importância de políticas públicas que incluam tais temas, além da testagem em massa. 

Alex Costa, da Unicef, reiterou que a pandemia trouxe algumas oportunidades, entre elas, o fortalecimento do segmento do diagnóstico numa escala global. “Agora todo mundo sabe o que é PCR, teste de antígeno. As pessoas começaram a falar sobre isso. O valor do diagnóstico já é algo mais perceptível”, disse ele.

Carlos Eduardo Gouvêa, presidente executivo da CBDL/Aladdiv, traçou um panorama do setor depois do advento da Covid-19. “No começo da pandemia, tivemos um desafio sobre o tipo de diagnóstico que deveria ser usado para a Covid. Não havia nada no mercado, os produtos estavam sendo desenvolvidos à medida que a pandemia avançava. Junto com a Anvisa e o Ministério da Saúde, discutimos uma mudança na regulamentação para obtermos uma via rápida para o desenvolvimento de testes”, comentou.

Na opinião do dirigente da CBDL, a Anvisa foi muito célere e conferiu ao mercado um ano de autorização emergencial. “O segundo ponto foi a qualidade. Nós desenvolvemos um programa de avaliação, em parceria com entidades internacionais e nacionais como a SBPC/ML, SBAC e Abramed, para avaliar os kits de Covid que estavam entrando no mercado. Com este consórcio de associações e laboratórios conseguimos analisar um grande número de produtos e dar referência de sua performance ao mercado: com dados de especificidade, sensibilidade, valores preditivos positivos e negativos e análise de desempenho”, destacou Gouvêa.

Esta força-tarefa, na visão do presidente da CBDL, foi para a Anvisa uma ferramenta de vigilância pós-comercialização e, para os fabricantes, um bom indicador da qualidade de seus produtos, permitindo assim um processo de melhoria contínua.

Gouvêa também frisou sobre a importância de permitir o acesso ao cidadão invisível. “Muitas vezes o cidadão não tem acesso a laboratórios e hospitais por uma série de razões. Era importante assim, incluir outros pontos de testagem como farmácias e até empresas com apoio de laboratórios e profissionais capacitados. Todos juntos no mesmo objetivo”, concluiu. (Com informações da Oficina de Mídia – 21.06.21)

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