Popular entre atletas e amantes de esporte no geral, os dispositivos wearables trazem cada vez mais contribuições à medicina diagnóstica por conta dos avanços proporcionados pela Inteligência Artificial (IA). A tecnologia já é capaz de fornecer informações cada vez mais completas sobre as condições de saúde de cada usuário, como afirma o estudo Tracker Brazil Wearables, feito pelo IDC, que aponta um crescimento de 28% das vendas desses dispositivos no primeiro trimestre de 2021 em relação ao mesmo período no ano anterior. Até 2024, a expectativa do IDC é de continuidade de crescimento anual de dois dígitos nas previsões de aquisição destes dispositivos, em grande parte como efeito da maior preocupação dos brasileiros com a saúde causada pela pandemia.
Alguns dos recursos mais procurados nos wearables passaram a ser os relacionados às condições de saúde, como monitoramento da qualidade do sono, contagem de passos e gasto calórico. “Esses dispositivos são vistos como uma extensão do usuário, um recurso que traz mais segurança durante uma atividade física e que auxilia no controle de como cada pessoa está evoluindo com relação a perda calórica e qualidade de vida”, comenta Christiano Berti, diretor da unidade de Medicina Diagnóstica da MV, empresa líder no desenvolvimento de sistemas para a saúde na América Latina.
Além de serem aliados dos usuários, os wearables também passaram a ser utilizados por profissionais de saúde, que enxergaram nos dispositivos uma maneira de potencializar a medicina diagnóstica. Os aparelhos podem identificar propensão de doenças em comunidades, emitir alertas e fazer recomendações aos usuários em tempo real na prevenção a doenças. O National Health Service (NHS), sistema público de saúde britânico, é uma das instituições que passaram a oferecer wearables a pacientes para auxiliar na prevenção do diabetes tipo 2. Em um comunicado feito em 2019, o NHS disse que a novidade fez com que os participantes do Programa de Prevenção de Diabetes aumentassem significativamente.
“Já sabíamos que a maior adoção da digitalização direcionada a questões de saúde seria fundamental para enfrentar a pandemia. No entanto, percebemos que a população está cada vez mais madura para aceitar diferentes formas de acompanhamento da saúde, muitas delas com o uso de Inteligência Artificial”, acrescenta Berti.
Apostando nesta tendência, Berti aponta cinco formas de contribuição dos wearables para a área de medicina diagnóstica:
Coleta e análise de dados: a falta de informações sobre o estado clínico do paciente costuma ser um fator limitante durante uma consulta feita por meio da telemedicina, o que dificulta o trabalho de profissionais da saúde. Por isso, a possibilidade de facilitar a prática da telemedicina está entre as vantagens do uso dos wearables, por meio do compartilhamento de dados fornecidos pelos dispositivos para proporcionar um atendimento ainda mais seguro e completo;
Alertas em tempo real: é possível incorporar um sistema de detecção de problemas e recomendação ao usuário. Os aparelhos podem medir níveis de glicose em estado de repouso, por exemplo, orientando se é necessário fazer exercícios, ingerir água ou se alimentar para os índices voltarem ao normal. Além disso, há a possibilidade de incrementar a funcionalidade, fazendo com que os sistemas de saúde possam receber esses alertas para agir em casos de urgência, por exemplo. Atualmente, existem dispositivos com a funcionalidade de diagnóstico similar ao exame de ECG (eletrocardiograma), informando ao usuário o ritmo cardíaco e mostrando sinais de fibrilação atrial (AFib) no próprio dispositivo;
Construção de sistema de registros médicos: contar com um sistema que reúna informações sobre os pacientes pode ser um benefício significativo. Com essa possibilidade, os registros médicos poderiam ser usados como base para mostrar os diferentes perfis de pacientes, rastrear doenças e até alertar sobre o surgimento de uma epidemia;
Integração com a nuvem: o uso da nuvem para armazenamento de dados dos pacientes é uma das tendências para um futuro próximo. A ferramenta, aliada à coleta dos dados feita pelos wearables, facilita o compartilhamento e a integração entre sistemas, fazendo com que programas que utilizam AI para análise de big data trabalhem melhor;
Homecare qualificado: o uso de wearables por tempo prolongado pode levar a oportunidades de gerenciamento ambulatorial de pacientes via telemedicina. Por exemplo, a previsão clínica de uma doença grave relacionada à dengue é difícil e os pacientes em alta devem retornar à clínica para avaliações diárias, impondo demandas sobre sistemas de saúde frequentemente desgastados. Com os wearables, seria possível monitorar parâmetros continuamente como pulso, movimento corporal e hematócrito, e fornecer informações sobre sintomas de alto risco para as equipes médicas de plantão, por meio de métodos não invasivos de medição. (Com informações da RPMA Comunicação – 28.09.21)