Testes rápidos para infecções respiratórias: desafios da adoção em larga escala no Brasil

*Por Allan Munford, gerente regional LATAM de Marketing para Diagnósticos Sindrômicos da QIAGEN

O alto índice de infecções respiratórias, especialmente em períodos mais secos e frios, é um grande desafio às equipes médicas e sistemas de saúde. Sobrecarregadas, muitas unidades hospitalares e laboratoriais, principalmente as de pronto atendimento, precisam trabalhar continuamente pela fluidez de sua rotina e pela efetividade nos milhares de diagnósticos realizados em um curto espaço de tempo. Tais infecções, pelo fato de apresentarem sintomas bem parecidos entre si, carecem de soluções de testagem avançadas, capazes de identificar rapidamente o agente causador da doença e direcionar os pacientes para o tratamento mais indicado.
Embora ainda não seja uma realidade adotada em larga escala no Brasil, a boa notícia é que já existem testes rápidos laboratoriais, capazes de cumprir determinada premissa. Já evoluímos ao ponto de desenvolver os chamados testes sindrômicos, que conseguem detectar – dentro de uma hora – até 23 agentes causadores das infecções respiratórias mais comuns, entre vírus e bactérias. A solução indica, inclusive, quando a infecção é causada por mais de um patógeno simultaneamente, pois utiliza o método de PCR em tempo real – que identifica diretamente o DNA ou RNA do agente causador da doença.

Desafios para adoção em larga escala

Os testes sindrômicos colecionam uma série de estudos publicados que reforçam a sensibilidade e precisão na conclusão dos diagnósticos respiratórios. No entanto, o custo de sua implementação, quando comparado a alternativas de menor abrangência ou maior demora de resultado, pode ser considerado como a principal barreira para a adoção em larga escala no país, considerando ainda que os impactos positivos desses testes ainda não são devidamente avaliados para o sistema de saúde.

Em termos de redução de custos e das superlotações dos hospitais e unidades de saúde, os testes sindrômicos destacam-se como uma das melhores alternativas. Devido à rapidez das análises e fornecimento dos resultados, diminui-se a janela de tempo dos pacientes em ambiente hospitalar. Da mesma maneira, a partir de um laudo preciso, reduzem-se as internações desnecessárias, bem como os casos de isolamento – uma medida adotada, muitas vezes, até que se obtenha um diagnóstico do quadro. Toda essa agilidade e eficiência impactam diretamente na economia de recursos das instituições de saúde e agregam agilidade às rotinas de manejo das enfermidades desses pacientes.

Outro ponto extremamente relevante sobre a adesão em larga escala das soluções de testagem sindrômicas, está relacionado ao uso consciente de antibióticos. Identificando o exato agente causador da infecção respiratória, é possível definir o tratamento mais adequado. Nos casos em que o paciente esteja infectado por um vírus, por exemplo, a administração de antibióticos não é indicada, pois além de não surtir efeito, ainda é capaz de contribuir para a resistência microbiana. Já em casos bacterianos, o uso precoce do medicamento correto pode evitar as sequelas e a redução dos casos fatais.

Avaliando-se todos esses aspectos positivos, precisamos agora que as indústrias, as sociedades médicas, órgãos de saúde, laboratórios públicos e privados estejam engajados para a realização de estudos clínicos, responsáveis pela geração de dados locais, que comprovem tanto a eficácia, quanto a economia proporcionada à esfera social como um todo. Em outras palavras, esse trabalho conjunto trará diversos benefícios que resultarão em sistemas de saúde públicos e privados com mais fluidez em atendimentos e diagnósticos, redução dos custos operacionais, e preservação da saúde e da qualidade de vida de todos as pessoas acometidas por essas enfermidades, em longo prazo. (Com informações do ATDC Group – 20.08.2024)

 

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