Surto de coqueluche na Bolívia e casos em São Paulo exigem esquema de diagnóstico rápido

A coqueluche é uma infecção respiratória causada por bactéria, transmissível pela tosse, espirro e até pela fala e extremamente perigosa em crianças.

Também conhecida como ‘tosse comprida’, atingiu 693 pessoas no ano passado na Bolívia, gerando grande preocupação nos estados brasileiros limítrofes, Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Embora territorialmente longe, a cidade de São Paulo registrou 105 casos até o começo do mês de junho deste ano que se somam aos 122 casos do ano passado, felizmente sem nenhum óbito até agora. No Estado, nos últimos 10 anos, foram 5.814 os casos suspeitos, com 1.195 confirmados posteriormente.

Para prevenir um surto a Saúde Pública precisa de duas condições, elevar o índice de vacinação entre o público-alvo dos atuais 45,25% nos menores de um ano (exemplo da cidade de São Paulo) para mais de 80% e universalizar os testes moleculares por amostra única, de resposta extremamente rápida.

“O diagnóstico rápido e preciso é necessário para separar casos suspeitos de confirmados”, afirma o biólogo Guilherme Ambar, da Seegene Brazil, empresa líder na produção de testes para diagnóstico pela técnica PCR e associada à CBDL. Ele exemplifica que no ano passado, o Brasil tinha 842 casos suspeitos, dos quais acabaram confirmados apenas 87.

Como o tratamento da infecção é feito com antibióticos específicos, lembra ele, é vital identificar se efetivamente o paciente tem ou não a coqueluche.

Sintomas são marcantes

A coqueluche é uma infecção respiratória causada por bactéria (Bordetella pertussis), transmissível pela tosse, espirro e até pela fala e extremamente perigosa em crianças de até um ano, faixa na qual se concentram os casos fatais.

O sintoma principal é marcante, tosse leve e seca que passa a severa e descontrolada, chegando a ser tão intensa que pode comprometer a respiração, o que exige a administração de oxigênio. Cansaço extremo e vômitos também podem se fazer presentes durante as seis a dez semanas que pode durar a doença.

A cobertura vacinal que já foi muito grande no Brasil é atingida pela administração às crianças de três doses da vacina amplamente disponível na rede pública e muito eficaz. Uma vez vacinada, a criança está protegida não só da doença em si, como das complicações da coqueluche, entre as quais infecção do ouvido, pneumonia, parada respiratória, desidratação e pior, convulsão, lesão cerebral e morte.

Diagnóstico

O diagnostico especifico e realizado mediante o isolamento da B. pertussis por meio de cultura de material colhido de nasorofaringe, com técnica adequada. Essa técnica e considerada como “padrão-ouro” para o diagnostico laboratorial da Coqueluche, por seu alto grau de especificidade, embora sua sensibilidade seja variável. Como a B. pertussis apresenta um tropismo pelo epitélio respiratório ciliado, a cultura deve ser feita a partir da secreção nasofaríngea. A coleta do espécime clínico deve ser realizada antes do início da antibioticoterapia ou, no máximo, até três dias após seu começo. Por isso, é importante procurar a unidade de saúde ou entrar em contato com a coordenação da vigilância epidemiológica, na secretaria de saúde do município ou estado.

O diagnóstico diferencial deve ser feito com as infecções respiratórias agudas, como traqueobronquites, bronquiolites, adenoviroses e laringites. Outros agentes também podem causar a síndrome coqueluchoide, dificultando o diagnóstico diferencial, entre os quais Bordetella parapertussis, Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia trachomatis, Chlamydia pneumoniae e Adenovírus (1, 2, 3 e 5). A Bordetella bronchiseptica e a Bordetella avium são patógenos de animais que raramente acometem o homem. Quando essa situação ocorre, trata-se de pessoas imunodeprimidas. (Com informações da DOC Press e da CBDL – 26.06.2024)

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