SBPC/ML se posiciona sobre declaração do ministro da Saúde em relação a exames laboratoriais

Em resposta às declarações do ministro da Saúde, Ricardo Barros, feitas na semana passada durante encontro na Associação Médica Brasileira (AMB) em São Paulo (http://www.cbdl.org.br/index.php/noticias/2518-entidades-medicas-contestam-afirmacao-do-ministro-da-saude), a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) enviou na terça-feira, 19 de julho, carta ao ministro para esclarecer conceitos e posicionamentos equivocados, por parte de autoridades representativas do setor de Saúde, sobre a relação entre os exames laboratoriais e a sua suposta utilização em excesso.

 

A SBPC/ML não nega que há necessidade de melhorias para o uso racional de procedimentos médicos no país, mas os motivos para isso são bem mais amplos do que as justificativas frequentes e, muitas vezes, infundadas relatadas por agentes do setor.

 

Sobre o grande número de laudos que não são retirados e que supostamente acarretariam um aumento nos custos da saúde, citado pelo ministro, a SBPC/ML afirma que, segundo suas estatísticas, o número de exames realizados e não retirados em laboratórios clínicos associados não ultrapassam 5% dos procedimentos realizados.

 

Além disso, os resultados críticos e determinados exames são comumente informados ao médico por telefone e/ou internet, ou seja, sem a necessidade do laudo impresso. “Acreditamos que esse percentual é aceitável e não é causa dos desperdícios em saúde, como comumente divulgado e citado por profissionais do setor”, disse o presidente da SBPC/ML, Alex Galoro, na carta ao ministro.

 

Segundo dados de literatura científica, os gastos em saúde com as práticas da Medicina Laboratorial não ultrapassam 3% do total de gastos. Em contrapartida, a especialidade médica responde por 70% das decisões clínicas do país.

 

Outra afirmação divulgada, porém incorreta, é que exames laboratoriais com resultado normal são desnecessários. A SBPC/ML ressalta que esses exames são importantes para excluir uma determinada hipótese diagnóstica, casos dos exames de glicemia, para o diagnóstico de diabetes; sorologia, para HIV; e do PSA, para o câncer de próstata, que apresentam frequentemente resultados normais, mas são extremamente necessários por interferirem na conduta clínica, independentemente do resultado.

 

Com relação ao aumento no número de exames, a Sociedade cita alguns fatores que contribuíram para isso, como a incorporação de novas tecnologias em saúde; o envelhecimento da população; e, finalmente, o advento da medicina preventiva, que leva a um maior número de pessoas saudáveis a realizarem exames laboratoriais com o objetivo de detecção precoce de patologias ou, mesmo, para impedir seu desenvolvimento.

 

De acordo com a carta da SBPC, uma mudança estrutural que contribuiria para otimizar a utilização dos recursos, seria a aproximação dos Patologistas Clínicos de outros especialistas. Os Patologistas Clínicos são profissionais habilitados para participar das indicações e interpretações laboratoriais em conjunto com os demais especialistas.

 

No atual modelo assistencial, não há ingerência dos profissionais de laboratórios sobre os pedidos médicos, distanciando as práticas clínicas das evidências laboratoriais e contribuindo para a utilização com menor racionalidade. Da mesma forma, a falta de protocolos e diretrizes clínicas, a pequena aderência às diretrizes existentes e a baixa importância e tempo dedicados na graduação médica, para a Patologia Clínica, contribuem para este distanciamento e uso inadequado dos exames laboratoriais.

 

A SBPC/ML declara ainda, que trabalha para o uso adequado dos exames laboratoriais e afirma que, quanto estes são bem indicados e bem interpretados, eles ajudam a evitar a solicitação de procedimentos mais complexos, invasivos e mais caros, além de aumentar a segurança do paciente.

 

 

(Com informações do portal Labnetwork – 19.7.16)

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