Plasmaferese – Novo tratamento para pacientes com forma grave da Febre Amarela

Nos últimos anos, vários surtos de febre amarela (FA) ocorreram na América Latina e África. Em 2016, um surto urbano de FA em Luanda e Kinshasa resultou em casos exportados que chegaram à China por meio de viajantes. Em 2017, um surto silvestre no Sudeste do Brasil registrou 1.376 casos confirmados, com 483 mortes (35%).

A Organização Mundial de Saúde – OMS considera surtos urbanos e a disseminação de doenças por viajantes internacionais como ameaças reais.  Esforços recentes foram dedicados ao desenvolvimento de terapias antivirais contra o vírus da FA. Os medicamentos ainda estão em fase de estudos pré-clínicos. O fortalecimento de programas de vigilância e a vacinação em dose única são medidas obrigatórias, inclusive para viajantes.

A apresentação clínica da FA varia de sintomas leves e inespecíficos à forma grave.  O fígado é o órgão mais afetado pelo vírus da FA, podendo evoluir para insuficiência hepática aguda e hepatite fulminante.

Para pacientes graves, o tratamento intensivo visa manter o paciente vivo até que o fígado se regenere o suficiente para restaurar sua função normal. No entanto, em muitos casos, a intensidade da lesão hepática é tão grave que não há tempo para recuperação espontânea, exigindo outras estratégias terapêuticas. O transplante de fígado demonstrou ser eficaz para aumentar a sobrevivência, mas apresenta desafios, como a qualidade de vida após o transplante, risco de morte enquanto espera por um transplante e consequências da imunossupressão.

Um estudo realizado pelo Hospital de Clínicas de São Paulo da Faculdade de Medicina da Universidade São Paulo recentemente publicado na revista Tropical Medicine and Infectious Disease avaliou o impacto das estratégias plasmafereses em pacientes com FA grave.

Os dados obtidos nesse estudo observacional demonstraram que a plasmaferese, quando utilizada como suporte artificial em pacientes graves é uma estratégia viável e eficaz para manter os pacientes vivos até que ocorra a regeneração e recuperação da função hepática. Embora o estudo tenha sido conduzido com um número limitados de pacientes, observou-se uma redução de 84% na mortalidade. Os resultados indicam a necessidade de mais estudos para compreender melhor o papel da plasmaferese na FA grave, mas trazem um novo horizonte para tratamento dos pacientes graves.

Ref: Rocha, V. et al. Trop. Med. Infect. Dis. 2025, 10, 39  – https://doi.org/10.3390/tropicalmed10020039

(Com informações da CBDL – 11.02.2025)

 

 

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