Os genomas do Covid-19 (coronavírus) encontrados em pacientes brasileiros, em casos confirmados, são diferentes. Esta foi a constatação do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Universidade de São Paulo (USP).
“O primeiro isolado se mostrou geneticamente mais parecido com o vírus sequenciado na Alemanha. Já este segundo genoma assemelha-se mais ao sequenciado na Inglaterra. E ambos são diferentes das sequências chinesas. Tal fato sugere que a epidemia de coronavírus está ficando madura na Europa, ou seja, já está ocorrendo transmissão interna nos países europeus. Para uma análise mais precisa, porém, precisamos dos dados da Itália, que ainda não foram sequenciados”, declarou Ester Sabino, diretora do IMT.
Os virais isolados dos pacientes brasileiros foram sequenciados por um grupo sob coordenação de Claudio Tavares Sacchi, responsável pelo Laboratório Estratégico do Instituto Adolfo Lutz (LEIAL), e Jaqueline Goes de Jesus, pós-doutoranda na Faculdade de Medicina da USP. O trabalho está sendo conduzido com apoio do Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE).
“Nosso objetivo inicial era treinar a equipe do Adolfo Lutz e implementar a tecnologia necessária para o monitoramento em tempo real da epidemia de dengue em curso no Brasil. Quando foram divulgados os casos de coronavírus na China, em janeiro, começamos a nos preparar para também monitorar em tempo real essa nova doença”, comentou Ester.
De acordo com a pesquisadora, o monitoramento em tempo real pode identificar o local exato de onde veio o vírus, o que pode orientar ações de contenção e reduzir a disseminação da doença.
“É uma nova ferramenta para vigilância epidemiológica, que por enquanto só foi testada na África, durante a epidemia de ebola”, concluiu a cientista. (Com informações da Agência Fapesp – 05.03.20)