De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de próstata é o tipo de neoplasia mais frequente em homens no Brasil, depois do câncer de pele. A doença, que a hereditariedade é um dos principais fatores de risco, não apresenta sintomas na fase inicial e, muitos homens, por medo ou desconhecimento, deixam de fazer os exames de rotina.
O médico Fernando Zamprogno, oncologista na Kora Saúde, explica que quando os sintomas desse tipo de câncer começam a aparecer geralmente é um sinal de doença avançada e de cura mais difícil. Por isso, campanhas como o Novembro Azul, que tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância dos exames de rastreio, são tão importantes. O especialista tira as principais dúvidas sobre o tema:
O que é o câncer de próstata?
Trata-se de uma neoplasia, ou seja, um tecido novo formado dentro da próstata. E ele tem uma característica que o distingue das lesões benignas, que é um crescimento desordenado e a capacidade de invadir outros pontos (órgãos e tecidos) ao redor da próstata. Essa é a característica primordial de todo câncer: a proliferação celular e a capacidade de invadir os tecidos vizinhos.
Quais os fatores de risco?
Como fator de risco, há questões genéticas, hoje cerca de 20% dos casos de câncer de próstata têm uma correlação hereditária. Além disso, a raça negra tem mais câncer de próstata do que a branca.
Por fim, o próprio processo de envelhecimento do homem. Quanto mais velho, maior o risco, por uma questão de falha natural do processo de renovação celular. Se pegarmos uma amostra de 1000 homens, de menos de 50 anos, por exemplo, será raro encontrar um caso de câncer de próstata. Se fizermos esse mesmo recorte com homens de 80 anos, vai ser bem comum.
Quais são os sintomas e em que estágio aparecem?
O câncer de próstata não dá sintoma na parte mais curável, por isso é importante fazer o programa de rastreio de câncer de próstata com toque retal e PSA. Isso porque a maioria dos homens não terá sintoma nenhum no momento em que a doença tiver mais chances de cura. Se esperar sintomas aparecerem, a chance de cura já cai bastante. Aí, os sintomas são: dor local, dificuldade de urinar, às vezes sangramento. Mas, sempre importante lembrar, os sintomas de câncer de próstata são sintomas tardios.
Quais as opções de exames diagnósticos?
A partir dos 45 ou 50 anos, de acordo com o risco familiar, é necessário começar a fazer PSA e toque retal todos os anos.
E o tratamento, como é feito?
Para o câncer de próstata curável o tratamento é cirúrgico, a retirada da próstata. Como tratamento para aqueles pacientes que, por algum motivo, tenham risco cirúrgico alto, a radioterapia com bloqueio de hormônio é a escolha convencional. Todos os outros tratamentos que costumamos ouvir são ainda tratamentos alternativos que precisam de dados clínicos mais robustos, então não podemos classificar como tratamento de escolha. Existem pessoas também que diagnosticam câncer de próstata de baixa agressividade e que não precisam de tratamento. Existem homens que convivem com o câncer de próstata longamente sem que ele apresente nenhum problema, pela natureza de baixa agressividade dessa lesão.
Qual a importância da prevenção e da conscientização?
Isso tem a ver com a chance de cura. Se chego em um problema quando ele está pequeno, eu resolvo mais fácil. Nesse exato momento, centena de milhares de homens no mundo tem o câncer de próstata dentro deles e não sabem disso. E a única forma de saber, é procurar esse câncer. Então, é preciso rastrear e, caso o rastreamento dê alguma alteração, é indicada a biópsia. Parte dessa biópsia vai apresentar algum problema, parte demonstrar que é benigno. O rastreamento é como uma peneira. Eu vou passar uma peneira na população de interesse e aqueles que “agarrarem” nessa peneira, investigo mais de perto. E o objetivo é a detecção precoce para aumentar as chances de cura. (Com informações da Ideias & Efeito – 03.11.23)