Quando um câncer surge, muitas células são destruídas pelo próprio organismo e um fragmento delas (DNA tumoral) cai na corrente sanguínea. Além disso, algumas células podem se desprender dessa massa tumoral principal e também cair na corrente sanguínea, o que chamamos de células tumorais circulantes (CTC).
“Por meio de novas tecnologias é possível detectar estas células através do aspirado de sangue para uma análise laboratorial ultra especializada. O impacto para o paciente é que ao detectar essas células tumorais circulantes poderíamos ter um diagnóstico ultra precoce no câncer de mama, o que proporciona ao médico encontrar tumores muito iniciais e com grandes chances de cura”. enfatiza o Dr. Wesley Pereira Andrade, MD, Ph.D. e mestre em Oncologia, médico titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).
Por outro lado, esses testes são tão sensíveis, que poderiam detectar também essas CTCs antes mesmo de se ter alterações nos exames de imagem e, neste sentido, não teríamos um alvo definido para o tratamento. Com isso, iremos conviver e gerenciar essa situação por meio de um controle precoce até a definição do local exato onde o tumor está se desenvolvendo, fato que pode causar um pouco de angústia para os pacientes. Mas de qualquer forma, ainda que tenhamos esse cenário, seria um cenário de ótimo prognóstico.
Há vários testes não invasivos pelo sangue (o que chamamos de biópsia líquida), em desenvolvimento, para detectar, de modo precoce, os cânceres de mama, com a perspectiva de se realizar diagnósticos mais apurados e ultra precoces.
“O novo teste não indica onde e nem qual mamã está a neoplasia. Ele só indica que há um câncer em desenvolvimento no corpo. No entanto, esta metodologia é a nova fronteira da oncologia, isto é, promover um rastreamento da enfermidade na fase ultra inicial”, comenta ele.
Além disso, o método, que pode ser estendido para outros tipos de câncer como câncer de intestino, câncer de ovário, câncer de pâncreas, dentre outros, permite também a monitoração de pacientes que já estão acometidos pelo câncer de mama e compreender se o tratamento está sendo 100% efetivo.
“Esses exames, num futuro próximo, podem substituir a mamografia anual em mulheres que apresentem resultados negativos. Isto é, poderemos otimizar o custo do rastreamento, principalmente em grandes populações onde muitas mulheres não têm acesso à mamografia. Desta forma, este exame de imagem só seria direcionado às mulheres com células tumorais circulantes”, finaliza o médico. (Com informações da Oficina de Mídia – 15.08.22)