Considerado o terceiro tipo mais comum entre as mulheres, somente em 2023 foram registrados 17 mil novos casos de câncer de colo do útero no país, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Tendo como principal causa a contaminação pelo vírus do HPV (Papilomavírus Humano), entre as principais medidas de combate – que ganham evidência neste Março Lilás – está justamente a detecção precoce desta infecção, que pode ser feita por exames precisos, como a captura híbrida. É o que explica Raphael Oliveira, gerente de marketing Regional LATAM para Diagnósticos Moleculares da multinacional alemã QIAGEN.
De acordo com o especialista, entre os meios de prevenção estão as consultas e exames essenciais, que devem fazer parte do calendário anual do público feminino. “Embora o Papanicolau e a colposcopia sejam os mais solicitados pelos médicos, testes como a captura híbrida são considerados os mais confiáveis para detectar a presença do HPV. Trata-se de uma solução muito mais sensível e avançada, capaz de identificar a contaminação antes mesmo de surgir a primeira lesão”, explica Oliveira.
Segundo a médica ginecologista Dra. Maria Carolina Dalboni, importantíssimo orientarmos e ampliar a conscientização da população de que é o único câncer que temos uma vacinação preventiva, inclusive praticada no SUS.
Por que o HPV pode causar o câncer?
Transmitido por contato direto com a pele ou mucosas infectadas, o vírus do HPV apresenta mais de 200 variações, com 90% dos casos representando uma contaminação transitória, ou seja, o próprio sistema imunológico consegue se defender. O alerta, segundo Oliveira, prevalece para algumas variantes que costumam ser mais resistentes e com o passar do tempo causam lesões no colo do útero, transformando-se em feridas e evoluindo de forma maligna.
“Algumas variantes do vírus HPV apresentam forte potencial de evolução para o câncer de colo do útero. Por conta disso, é fundamental detectar precocemente o vírus e iniciar o tratamento mais indicado para cada caso. Não basta apenas saber que existe a contaminação pelo HPV, como outros exames costumam apontar. É preciso identificar exatamente qual é o agente causador responsável pela contaminação e, nesse sentido, a captura híbrida é o caminho mais certeiro”, complementa.
Quando fazer a captura híbrida?
A captura híbrida pode ser realizada por mulheres a partir dos 30 anos de idade. Caso apresente um resultado negativo, um novo rastreio pode ser feito dentro de um intervalo de cinco anos. As pacientes que apresentam um diagnóstico positivo para a presença do vírus, devem receber um acompanhamento mais próximo. O monitoramento frequente, assim como os tratamentos precoces, caso sejam necessários, ampliam as chances de cura.
“Esse exame já existe há mais de 20 anos, é o mais utilizado em todo o mundo e mais de 100 milhões de mulheres já o fizeram. Por enquanto, no Brasil, ele está disponível apenas no sistema de saúde privado, ou seja, para mulheres que possuem planos de saúde, algo que representa em torno de 1% de todas as brasileiras que são elegíveis ao teste. Mesmo assim, as pacientes que possuem convênio médico devem insistir com seu ginecologista para que ele prescreva o exame. Essa iniciativa é capaz de ajudar a salvar milhares de vidas”, alerta o executivo da QIAGEN.
Quais são os sintomas do câncer de colo do útero?
O câncer de colo do útero não costuma apresentar sintomas iniciais e, quando aparecem, pode ser um indício de avanço da doença. Além da realização anual dos exames de rotina, é preciso atenção para alterações como sangramento vaginal sem causa aparente, corrimento alterado, dor abdominal ou pélvica constante, sensação de pressão no abdômen, vontade frequente de urinar e perda rápida de peso. Ao surgimento desses sintomas, é recomendado buscar ajuda médica com urgência. (Com informações da