Laboratórios associados à SBP vão rastrear câncer de colo de útero na população indígena 

Um acordo de Cooperação Técnica entre a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), do Ministério da Saúde, publicado no Diário Oficial da União neste mês, pretende proporcionar às mulheres indígenas, de 25 a 64 anos, condições de agilizar os exames Papanicolau que detectam precocemente o câncer de colo de útero.

Até 2030, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pretende erradicar o câncer de colo de útero globalmente. “O Brasil está distante de alcançar esse prognóstico favorável, apesar de essa ser uma doença evitável, por isso laboratórios associados à SBP que agilizam a análise dos exames coletados são bem-vindos”, diz a médica patologista Katia Leite, presidente da SBP.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2020, foram 16.590 casos de câncer de colo de útero no Brasil. Em 2019, 6.596 mulheres morreram vítimas da doença. Além disso, o câncer de colo de útero é mais incidente na região Norte com 26,4 casos por 100 mil habitantes. 

A população feminina indígena atendida pela parceria SBP e SESAI abrangerá 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), assistidas pelo Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASISUS), que abrange populações em áreas de Alagoas (AL), Sergipe (SE), Amapá (AP), Altamira e Norte do Pará (PA), Alto Rio Juruá (AC), Alto Rio Purus (AC e AM), Alto Rio Negro (AM), Alto Rio Solimões (AM), Araguaia (GO e MT), Bahia (BA), Ceará (CE), Minas Gerais (MG), Espírito Santo (ES), Interior Sul (SP, PR, SC e RS), Vale do Javari (AM), Kayapó (PA e MT), Leste de Roraima (RR), Litoral Sul (RJ, SP, PR, SC, RS), Manaus (AM), Guamá-Tocantins (PA), Maranhão (MA), Mato Grosso do Sul (MS), Médio Rio Purus (AM), Parintins (AM, PA), Pernambuco (PE), Porto Velho (RO e AM), Potiguara (PB), Cuiabá (MT), Rio Tapajós (PA), Médio Rio Solimões e Afluentes (AM),Tocantins (TO), Vilhena (RO e MT), Xavante (MT), Parque Indígena do Xingú (MT) e Yanomami (RR, AM).

Como tudo começou

O início dessa parceria entre a SBP e Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) começou em 2021, quando um projeto-piloto, envolvendo ambas as entidades, teve como foco a região Norte do Brasil. Na ocasião, foram coletadas duas mil amostras de Papanicolau entre as mulheres indígenas das aldeias atendidas por 19 DSEI.

O sucesso desse projeto-piloto motivou a SESAI a estender o Acordo com a SBP por mais um ano, desta vez, com a ampliação do número de Distritos indígenas beneficiados. “Trata-se de profissionais sérios, interessados no atendimento apropriado às populações indígenas. Concordamos na continuidade e em ampliar o atendimento”, explica a Dra. Katia Leite

A coleta é realizada por agentes de saúde nos próprios SESAIs, unidades de atendimento, que as enviam aos laboratórios voluntários para a análise dos exames citológicos, gratuitamente. Hoje essa rede é composta por 13 laboratórios participantes nas principais regiões do Brasil. “Depois fazemos a leitura e enviamos os laudos de volta num período curto, entre 15 a 20 dias”, acrescenta a médica patologista. No caso de resultados positivos para câncer de colo de útero, existe o compromisso e a garantia que as mulheres serão encaminhadas para tratamento hospitalar, como ocorreu em 2021, quando as mulheres indígenas foram atendidas no hospital de Manaus (AM). (Com informações da Agência Blue Chip – 23.06.22)

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