O diagnóstico da tuberculose latente é um desafio em diversos países, no Brasil não seria diferente.
Na tentativa de se ampliar as possibilidades para o diagnóstico da Infecção Latente pela Tuberculose, o Ministério da Saúde do Brasil incorporou um novo teste que utiliza a tecnologia Interferon Gamma Release Assay – IGRA, um ensaio de detecção de interferon gama no sangue.
A partir dessa incorporação, que também foi feita pela ANS, o MS realizou uma compra centralizada de milhares de testes que vem sendo distribuídos para alguns laboratórios públicos desde o início do ano.
Mas, quais laboratórios estão aptos a receber o teste? Como funciona uma compra centralizada pelo MS e que depende de infraestrutura local para que o teste realmente seja realizado? Qual o papel de cada gestor do nosso sistema de saúde municipal, estadual e federal?
De acordo com a bióloga, mestre em Ciência Bioquímicas e consultora da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), Ana Flávia Pires, o que fica evidente são os desafios que compõe o sistema nacional de saúde descentralizado, onde a jornada do paciente e da sua amostra de sangue até a realização do exame, precisa ser amplamente discutida e desenhada. “De outro modo os testes correm o risco de nunca se tornarem um resultado para o paciente”, afirma ela.
Entre os desafios que a saúde enfrenta está a importância de os médicos conhecerem a tecnologia e solicitarem o exame conforme protocolo do MS, além da necessidade de compra de um tubo de coleta de sangue pelo serviço de saúde, da contratação de uma empresa de logística para o transporte das amostras, e ainda, a capacidade técnica instalada dentro dos laboratórios.
“Olhando por esse ângulo, talvez realizar uma compra centralizada seja o menos complexo onde os agravos têm competido entre si para que possam ser priorizados dentro de cada serviço de saúde. Mas e o paciente, onde ele entra nessa história? Será que ele está mesmo conseguindo ter acesso a essa tecnologia? Essas respostas só teremos a medida que a tecnologia for sendo utilizada e que os estados informem se conseguiram ou não incorporar na ponta”, conclui Ana Flávia. (Com informações da Oficina de Mídia – 21.11.22)