Ondas de calor e secas intensas assolam o Brasil e o restante do planeta. O ano de 2023 foi o mais quente da história, segundo dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM) e, em solo brasileiro, a média das temperaturas ficou acima da média histórica de 1991/2020. Já neste ano, o mês de agosto foi o agosto mais quente já registrado globalmente, segundo dados do observatório europeu Copernicus.
A crise climática é um dos maiores desafios globais da atualidade e seus impactos são sentidos em diversos setores, sendo um deles, a cadeia de frio, fundamental para manter a qualidade e a segurança, por exemplo, de vacinas e medicamentos termolábeis (caso da insulina e de diversas medicações de alto custo), ao longo da jornada do fabricante até o consumidor.
“O cenário marcado pela crescente preocupação com as mudanças climáticas e seus impactos está impondo novos desafios ao setor de cadeia de frio, essencial para o armazenamento e transporte de vacinas e medicações que requerem controle de temperatura”, fala Liana Montemor, farmacêutica e diretora técnica do Grupo Polar, pioneiro no Brasil em pesquisa e desenvolvimento de soluções para a cadeia de frio.
Segundo a especialista, a preservação de vacinas e medicamentos, que muitas vezes requerem temperaturas rigorosamente controladas, tornou-se um aspecto primordial na mitigação dos riscos de falhas de armazenamento que podem comprometer a eficácia desses itens.
“A elevação das temperaturas médias globais e o aumento da frequência de ondas de calor colocam uma pressão adicional sobre os sistemas de refrigeração. Com o calor extremo, os equipamentos de resfriamento precisam trabalhar mais intensamente para manter as temperaturas dentro da faixa segura, o que pode resultar em falhas, pois a sobrecarga pode levar ao desgaste mais rápido dos componentes e a falhas no equipamento. Um outro ponto é que sistemas de refrigeração que operam sob condições de calor extremo consomem mais energia para manter as temperaturas necessárias, o que pode aumentar os custos operacionais”, explica Liana.
Apagões – Os apagões, que vêm ocorrendo com frequência em vários estados do país, também são uma consequência dessa situação e representam um grande prejuízo para a cadeia de frio. A elevação das temperaturas pode aumentar a demanda por energia, especialmente para sistemas de resfriamento em dias muito quentes. Isso pode sobrecarregar as redes elétricas e, em casos extremos, levar a blecautes se a demanda exceder a capacidade de geração ou transmissão.
Já secas prolongadas, como as que o Brasil vem enfrentando, podem reduzir a capacidade de geração hidrelétrica. A escassez de água pode levar a problemas técnicos e maiores necessidades de manutenção nas usinas, contribuindo para paradas inesperadas ou reduzidas.
Temporais – A farmacêutica lembra, ainda, dos eventos climáticos extremos, como tempestades e inundações – a exemplo do que ocorreu neste ano, no Rio Grande do Sul – e que também têm implicações expressivas. “Eles podem danificar a infraestrutura de armazenamento e transporte, interromper a operação de sistemas de refrigeração e causar atrasos na entrega. Os temporais podem causar quedas de árvores que interrompem linhas de energia, enquanto inundações podem submergir equipamentos essenciais. A destruição de armazéns e centros de distribuição devido a desastres naturais pode levar a perdas consideráveis de vacinas e medicamentos, comprometendo tratamentos e campanhas de imunização”, diz.
Ameaça – Liana ressalta que a crise climática representa uma ameaça significativa para a integridade da cadeia de frio para vacinas e medicamentos termolábeis. “A manutenção da eficácia e segurança desses produtos depende de um controle rigoroso das condições de armazenamento e transporte, que se torna cada vez mais desafiador diante do que estamos vivenciando”, salienta.
Com o cenário, a diretora técnica do Grupo Polar salienta que as mudanças climáticas exigem investimentos adicionais em tecnologia e infraestrutura para garantir a resiliência da cadeia de frio. “Sistemas avançados de monitoramento e soluções de refrigeração mais eficientes são essenciais para mitigar os riscos associados ao aumento das temperaturas e às condições climáticas adversas”, pontua. “Além disso, a adaptação das infraestruturas para torná-las mais robustas frente a eventos climáticos extremos é uma prioridade para enfrentar esses desafios e proteger a saúde pública global”, conclui. (Com informações da assessoria de imprensa do Grupo Polar – 24.09.2024)