CBDL apoia o XXXII Simpósio de Hemoterapia e Terapia Celular

O XXXII Simpósio Internacional de Hemoterapia e Terapia Celular, realizado entre os dias 20, 21 e 22 de março, no Hospital Albert Einstein, teve como foco a segurança transfusional, abordando a gestão do risco de transmissão de agentes infecciosos no Brasil.

João Batista da Silva Jr., da Anvisa, destacou os critérios clínicos, epidemiológicos e laboratoriais para triagem de bolsas de sangue, incluindo testes sorológicos e moleculares, além de critérios de inaptidão para doadores expostos à dengue.

Já José Eduardo Levi, diretor global de Medical Affairs da Grifols, discutiu a ameaça das arboviroses, como dengue e Febre do Nilo Ocidental, cuja transmissão tem sido impulsionada pelas mudanças climáticas.

A pesquisadora sênior da Fiocruz, Patricia Alvarez Baptista, apresentou o programa NAT brasileiro, conjunto de kits de diagnóstico molecular que detectam doenças como HIV, hepatite B, hepatite C e malária, que reduziu a dependência tecnológica e detectou 412 janelas imunológicas em 20 anos. O debate incluiu a possível incorporação de novos testes para vírus emergentes como dengue, Chikungunya e Zika.

A chefe do Laboratório de Segurança de Transfusões no banco de sangue e de tecido da Catalunha, Espanha, Silvia Sauleda, compartilhou a experiência espanhola, que adota triagem para HEV (vírus da hepatite E) e restringe por 28 dias doações de quem viajou para fora da Europa.

A imunologista e pesquisadora, Esther Sabino apresentou a incidência de bolsas de sangue positivas para dengue (dados de estudo retrospectivo) e discutiu a baixa detecção de dengue transfusional, enquanto o hematologista Sandre Larrubi, especialista em Hemoterapia e Terapia Celular, relatou quatro casos clínicos e as evidências de transmissão transfusional. Dados do HEMORIO indicam prevalência de 0,15% de dengue em doadores testados e sugerem subnotificação da transmissão transfusional da dengue.

Os dois dias seguintes foram dedicados a avanços em terapias celulares. José A. Cancelas (Dana-Farber Cancer Institute) destacou o papel das instituições acadêmicas no desenvolvimento das alternativas de terapias gênicas e possibilidades de redução de custos dessas terapias. O Brasil já conta com nove terapias gênicas aprovadas pela Anvisa, incluindo CAR-T.

Kelen Cristina Malmegrim de Farias, da USP Ribeirão Preto, apresentou biocurativos para feridas em pacientes com anemia falciforme, enquanto a hematologista e coordenadora médica da Terapia Celular Avançada do Hospital Israelita Albert Einstein, Lucila Kerbauy, discutiu o uso de células NK alogênicas para imunoterapia para câncer.

Raquel Paiva, especialista em Terapia Celular pelo Hospital Albert Einstein explorou o uso de células TCR engenheiradas autólogas para tratar tumores sólidos e hematológicos, enquanto o hematologista Nelson Harmeschlak, também Hospital Albert Einstein do abordou a evolução do tratamento com CAR-T, ressaltando desafios de custo e segurança e acessibilidade para as novas terapias e apontou que há potencial para 1800-2000 pacientes/ano que necessitariam de terapias com CAR-T.

O médico ortopedista Pedro Henrique Isoldi Polh e a pesquisadora da Fiocruz, Milena Soares, expuseram aplicações de vesículas extracelulares em regeneração tecidual e tratamento da dor neuropática. Laura Murta, biomédica graduada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e mestre em Ciências Médicas pela UERJ, abordou desafios regulatórios e de financiamento para terapias avançadas no Brasil, que já conta com 50 estudos clínicos, majoritariamente patrocinados por empresas internacionais.

O médico especialista em transplante de medula óssea no St. Jude Children’s Research Hospital, especializado em transplante e terapia genética para distúrbios hematológicos não malignos, Akshay Sharma, destacou a disparidade no acesso a terapias curativas para anemia falciforme, concentradas nos Estados Unidos e Europa.

No terceiro dia, foram apresentadas atualizações sobre engenharia de vetores e haptâmeros quiméricos. Karina Tozzato Maio, médica hematologista da USP, explorou estratégias de edição genética para doenças monogênicas, enquanto a biomédica com doutorado em Biotecnologia e pós-doutorado em Imunologia, Luciana Cavalheiro Marti, e Júlia Azevedo, ambas do Hospital Albert Einstein, apresentaram o uso de TILs (linfócitos infiltrados de tumor) para tratar tumores sólidos. Para concluir, Luiz Carlos Ferreira, do ICB/ USP destacou imunoterapias para cânceres associados ao HPV.

“O evento foi marcado por discussões de alto nível e avanços significativos na hemoterapia e terapia celular, reforçando o potencial do Brasil na inovação e regulamentação dessas tecnologias”, destacou a diretora técnica da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), Josely Chiarella, que esteve presente no encontro. A CBDL foi uma das apoiadoras do XXXII Simpósio Internacional de Hemoterapia e Terapia Celular. (Com informações da CBDL – 25.03.2025)

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