O Outubro Rosa deixou um importante legado e alerta à necessidade para o diagnóstico precoce e chances de tratamentos mais eficazes ao combate do câncer de mama.
O laboratório de biotecnologia, Igenomix, que atua em mais de 80 países, tem se utilizado da medicina de precisão como alternativa para salvar vidas e frear o avanço da doença. Os testes genéticos estão cada vez mais avançados e geram dados que apontam a predisposição de uma pessoa desenvolver diversos tipos de câncer. Embora não seja um diagnóstico, eles dão a oportunidade de um acompanhamento preventivo muito mais eficaz, já que cerca de 10% dos casos de câncer de mama e ovário, por exemplo, são causados por mutações genéticas germinativas (herdadas ao nascimento).
A recomendação dos profissionais de saúde é que os exames genéticos devem ser uma opção de diagnóstico em diferentes situações:
*Histórico pessoal de câncer de mama e ou de ovário;
*Câncer de mama, de ovário ou no pâncreas em ao menos dois parentes próximos;
*Vários cânceres de mama primários ou câncer de mama bilateral diagnosticados pela primeira vez antes dos 50 anos de idade;
*Câncer de mama triplo negativo na pré-menopausa diagnosticado em uma idade jovem (com idade igual ou inferior a 45 anos);
*Câncer de mama masculino em um parente próximo;
*Etnias com alta frequência de mutação BRCA, como judeus Ashkenazi, devem ser testadas, mesmo na ausência de história familiar.
Um dado importante é que o teste genético positivo não quer dizer que o paciente esteja com câncer. Representa apenas uma maior predisposição para desenvolvê-lo quando comparado com uma pessoa sem mutação hereditária. Portanto, mesmo que o teste genético mostre que a pessoa tenha herdado alguma mutação, não significa que ela, necessariamente, tem ou terá a doença. Somente um profissional especializado, como um geneticista, poderá indicar a rotina personalizada de prevenção e exames periódicos. Por enquanto, o acesso a esses testes é restrito à rede privada e planos de saúde.
Medicina personalizada tem sido a aliada das terapias-alvo como para oferecer mais sobrevida e bem-estar às pacientes
Com o passar do tempo a palavra câncer está sendo desmistificada. No entanto, outro termo assusta as pacientes: metástase. A boa notícia é que, com os avanços dos últimos anos, o câncer de mama metastático deixou de ser sinônimo de sentença de morte. Ao contrário disso, é crescente a opção de terapias-alvo que aumentam o tempo e qualidade de vida das pacientes metastáticas.
A “era da medicina de precisão” tem sido o fio condutor desta revolução genética que está proporcionando aos pacientes com câncer, especialmente de mama, mais chances de cura e aumento de sobrevida. Um dos objetivos no tratamento dos tumores de mama é adaptar a terapêutica à composição genética específica da pessoa a às alterações características das células cancerígenas.
Em linhas gerais, além do quadro clínico do paciente, é analisado o perfil biológico do tumor. Identifica-se quais erros ocorrem no código genético do paciente e que causam danos ao seu DNA e, com isso, esses genes se tornam alvos (marcadores) de medicamentos que são especialmente desenhados para corrigir estas alterações que levam ao desenvolvimento de câncer.
Os testes genéticos analisam o perfil de genes associados com células germinativas (ou painel hereditário) do paciente para identificar seu risco pessoal de desenvolver o câncer de mama ou outros tipos de tumores ao longo da vida. Cerca de 10% de todos os casos diagnosticados são hereditários, sendo a Síndrome de Câncer de Mama e Ovário Hereditário (HBOC, na sigla em inglês), com mutação nos genes BRCA 1 e 2, a mais significativa.
Nos cânceres não hereditários o teste genético também tem se mostrado essencial. O exemplo mais evidente é o câncer de pulmão. Diferente do que ocorria até o início deste milênio, quando todo tumor pulmonar era tratado com quimioterapia, hoje os pacientes, antes de iniciar o tratamento, podem receber a indicação de teste de mutação em EGFR, BRAF, ROS-1, KRAS, fusão EML4-ALK, rearranjo em NTRK, dentre outras alterações genéticas para as quais há medicamentos com eficácia comprovada para perfis de pacientes com câncer de pulmão avançado.
No câncer de mama, que também é uma doença plural, podendo ser influenciada por fatores hormonais (estrógeno e progesterona), ter hiperexpressão de HER-2 ou apresentar tumores triplo-negativos, a medicina de precisão tem uma importância crescente. E o papel a medicina de precisão se evidencia no Outubro Rosa, quando se aborda a importância do diagnóstico precoce como um alerta aos números exorbitantes de mulheres que são diagnosticadas tardiamente e já em estágio avançado de câncer de mama.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) revelam que mais de 40% dos casos atingem mulheres jovens (faixa etária em que o tumor é mais agressivo), em fase pré-menopausa, diferente de pouco tempo atrás quando a incidência era maior após os 50 anos. Estima-se, ainda, que para os próximos anos a taxa de novos casos aumente.
Embora o câncer de mama seja a primeira causa de morte por câncer em mulheres no Brasil, segundo o INCA, e a incidência e a mortalidade tendem a crescer progressivamente a partir dos 40 anos, a ciência tem evoluído positivamente no tratamento dos casos, principalmente no estágio avançado da doença.
Terapias-alvo para câncer de mama avançado
O aprendizado sobre as mudanças nas células que causam o câncer apontou caminhos para a ciência desenvolver novos tipos de drogas que atacam receptores específicos. Dentre estas terapias-alvo estão as inibidoras da hiperexpressão de HER2. Uma em cada cinco mulheres com câncer de mama, apresenta uma proteína promotora de crescimento conhecida como HER2 na superfície das células tumorais. Essas neoplasias foram denominadas cânceres de mama HER2-positivos e geralmente crescem e se espalham de forma mais agressiva. Para bloquear o tumor, diferentes tipos de drogas foram desenvolvidas para atingir a proteína HER2.
São as chamadas terapias anti- HER 2, que consistem em anticorpos monoclonais de proteínas do sistema imunológico (anticorpos) que são projetadas para se anexar a um alvo específico (seguindo o conceito de cavalo de Tróia, que avança sobre o alvo, para destruí-lo). Nesse caso, eles se ligam à proteína HER2 nas células cancerosas, impedindo o seu crescimento.
As mais utilizadas:
Trastuzumabe – Para câncer de mama avançado, o tratamento geralmente é administrado enquanto a droga for útil e conseguir reduzir o tamanho dos tumores ou retardar o desenvolvimento do câncer de mama avançado HER2+. Também é indicada para estágio inicial;
Pertuzumabe – É o primeiro tratamento para câncer de mama avançado HER2+. Quando combinado com trastuzumabe e quimioterapia pode retardar a progressão da doença e aumentar a sobrevida comparando com a administração isolada do trastuzumabe e da quimioterapia;
Ado-trastuzumabe emtansina (T-DM1) – Atuação de trastuzumabe junto com uma quimioterapia. Indicado quando o tumor continua progredindo após o tratamento com o trastuzumabe e uma quimioterapia com taxanos;
Trastuzumab deruxtecan – Uso do trastuzumabe com o medicamento quimioterápico deruxtecan. Indicado quando o tumor progredi após dois ou mais tratamentos com medicamentos que tenham como alvo as células HER2+;
Tucatinibe, neratinibe e lapatinibe – Inibidores de tirosina, uma classe de medicamentos, que têm como alvo enzimas importantes para as funções celulares. Esses medicamentos bloqueiam as enzimas tirosina quinase;
Inibidores PARP – Olaparibe e talazoparibe – Usados no tratamento do câncer de mama avançado HER2-negativo, com mutação no gene BRCA1/2 e que já foram tratadas inicialmente com quimioterapia, incluindo a quimioterapia para o câncer de mama inicial. As proteínas PARP normalmente ajudam a reparar o DNA danificado dentro das células. O bloqueio das proteínas PARP geralmente leva à morte dessas células. (Com informações da Sensu Comunicação – 04.11.21)